31.7.04

Dedéu pro Frio



Pois é, companheiro Jorge. O frio tem isso de nos fazer esquecer a desgraça em volta. É que nem dor de dente, paixão, música muito alta: não dá pra pensar em outra coisa. O mês do cão, amigo, é setembro. o frio passou, tem parada militar na rua. A gente vê o horizonte das festas bestas do fim do ano e se dá conta de que já esteve nesta robada antes. Setembro é o mês do cachorro lôco: só em setembro você percebe o tamanho do enrosco em que estamos todos metidos.

Mais Um Dia Na Caravana Da Folia

Pensa que é fácil? Eles chegam aqui, se esbaldam, deixam a sujeira pra gente limpar.
Todo dia é isso.
Ainda bem que eu adoro fazer faxina.
Quando termino, fico esperando a próxima leva.
Pensa que é fácil?
No final da bagunça, fico com esta cara. Pasmo.


30.7.04

Ah, Tenha Dó!!

...eu disse...


Ô, Martinha,
Adoro quando você pinga uma poesia colírio no olho da gente. Adoro quando você enche este bloguinho sapeca com o odor do teu lirismo.
Agora, ode ao Rio, dá licensa! Assim é dose! Como dizia Drummond, ódio ao Rio! Ódio às ódes! Tamos necessitados é de senso crítico, pra acabar com estes Malufs Garotinhos Malandrinhos que estão por aí...
Desculpa esculhambar, querida. Gosto de gostar do lugar onde vivo. Mas a parte da "alma pujante" e da "fronte baixa" do teu texto me tirou do sério.
Mesmo assim, um beijo.

29.7.04

Chegou a Hora do Rio Mostrar a Sua Cara

É isso mesmo. Cansamos da pecha de marginais. O Rio é muito mais que isso. Não foi nenhuma chapa branca que conquistou a capa da revista Veja: foi nosso trabalho e a Natureza, que sempre abençoou esta cidade mais-que-maravilhosa.
Não trazemos mais a fronte baixa. Não nos envergonhamos da guanabara. Fomos capital federa, e sempre teremos a alma pujante. O Rio mantém sua estirpe, estirpe de porta-bandeira, de mata virgem, de onda na arrebentação. Maresia e suor. Terra de gente que tem valor.

28.7.04

Poesia Imprescindível

Claro/escuro, masculino/feminino...nesta conversa, imprescindível um poema do Jovino Machado:

meus homens minhas mulheres

minhas mulheres não são amélias
são orquídeas
não são camélias

meus homens são coração
maiakovski torquato neto
itamar assumpção

minhas mulheres são faraônicas
virginia woolf clarice
verônicas

meus homens são ilusão
drummond matisse joão
cores poesia e violão

E ainda Itamar/Leminski:

um homem
com uma dor
é muito mais elegante (...)

27.7.04

Ainda Acridoce

Sei bem a que a Pati se refere. Estive trabalhando sobre o álbum Transformer, do Lou Reed, e também ouvindo uns discos antigos e o último trabalho do Itamar Assumpção. Os dois – Reed e Itamar – têm esta mágica agridoce, esta coisa de casar uma harmonia perfeita e doce com conteúdos perturbadores, ácidos, inquietantes. Os dois com um humor sombrio e urbano, Sampa-Novaiorque, quebradas e climas, marginálias que são a alma das cidades. Eles nos deixam bem como você descreveu: à toa, no asfalto, loucos por um assalto (como dizia Marco Poeta...).

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